domingo, 1 de maio de 2011

Sobre o Poder Superior em Narcóticos Anônimos

O preâmbulo do texto denominado "OS PRINCÍPIOS ESPIRITUAIS DE NARCÓTICOS ANÔNIMOS" ( literatura original em inglês ainda não aprovada pela irmandade) diz que:

"Há uma coisa que, mais do que qualquer outra coisa, pode derrotar a nossa recuperação: uma atitude de indiferença ou intolerância em relação a princípios espirituais."

Nossa recuperação depende do despertar e do crescimento da nossa espiritualidade, e as nossas vidas dependem de nossa relação com o que acreditamos ser nossa fonte. Os princípios espirituais expressam algumas de nossas idéias mais básicas sobre a espiritualidade em Narcóticos Anônimos. Eles são o alicerce sobre o qual os nossos passos, tradições e conceitos de serviço são construídos. Eles tornam possível a nossa rendição individual e coletiva e nossa dependência de um Deus amoroso da nossa própria compreensão. Eles são as chaves para a nossa liberdade.

Algo muito bom na irmandade de N.A. (Narcóticos Anônimos) é que, apesar pregar que se considera essencial a relação do individuo "adicto em recuperação" com o seu "Poder Superior", eles o fazem de tal maneira a permitir e garantir uma total independência das questões religiosas, ou seja, é orientado que se procure estar em paz com Deus, seja qual for o nome que se dê a Ele, respeitando assim as diferenças individuais e coletivas sobre o conceito de Deus. Sendo assim, tudo que eu considero e apresento aqui, nada mais é que a minha própria experiência individual de relação com meu Deus.

Deus é amor ... e o programa de N.A. é um programa de amor! Deus me ama incondicionalmente e Ele me ensina que nada pode me separar de Seu amor, a não ser a minha própria vontade contraria.

Permitam-me fazer aqui uma analogia: Nós, seres humanos somos como veículos, não somos como motoristas, de modo algum nos iludamos com isso pois, somos mesmo como veículos. O próprio Deus nos alerta de que “não é do homem o seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir os seus passos”. Entretanto. é fato que nós temos vontade própria, algo que Deus nos tem permitido desde a nossa criação: nós podemos fazer escolhas e Deus não nos obriga a amá-lo.

Como criador do veículo da analogia acima (criador de nós humanos), Deus é o legitimo proprietário dele (o nosso legítimo proprietário). Deus sabe como guiá-lo por bons caminhos, sabe como cuidar de sua manutenção. Deus ama o seu veículo e não mede esforços em mantê-lo impecável. Mas não se esqueça, o talo veículo tem vontade própria (como nós, que temos o livre-arbítrio de nossas vidas).

Digamos que um belo dia, depois de “curtir uma brisa" o tal o veículo acorde na "maior nóia", irritado mesmo, e, não deixe o seu proprietário cuidar e fazer uso dele. Não deixa que ele ligue o seu motor, não deixa que ele acenda as suas luzes, não permite que ele abra as suas portas, não deixa que ele sequer se aproxime dele pois, ao que o proprietário, persistindo em lidar com o veículo, tenta abrir o capô a fim de acessar o computador de bordo para reiniciá-lo e recuperar a condição original e adequada daquele veículo, o insurgente chega até mesmo a dar uma arrancada, rugindo alto o motor e cantando os pneus para cima do proprietário, ameaçando atropelá-lo.

Ora, não teria o tal proprietário o legítimo direito de deixar de lado, abandonar mesmo, um veículo tão impertinente? Se o proprietário fosse um outro veículo, na certa estaríamos diante de causa para início de uma guerra, tão comum entre os veículos mas, o proprietário benignamente apenas se afasta, "de boa", pensando em voltar num outro momento, talvez mais propício, a lidar com aquele veículo malvado.

Afastado de seu proprietário, o veiculo diz para si mesmo: "agora, de hoje em diante, eu sou e serei o senhor do meu próprio destino. Só faço o que quiser fazer. Só ando por onde quiser andar". Mas, sem a incômoda presença do motorista o veículo permanece simplesmente parado, o que lhe parece ser muito mais cômodo pois, além de tudo, ele é um veículo preguiçoso, adepto do “dolce far niente”. Parece que o que este veículo gosta e quer mesmo é só de ficar "curtir a brisa".

Só que veio a noite, e com ela outras criaturas, criaturas que se fizeram a si mesma como criaturas das trevas, criaturas que o veículo parecia não conhecer. Assim veio o ladrão e ele viu o veículo ali, parado, “curtindo a brisa”! O veículo até que tentou se defender do ladrão, mas, diferente do proprietário, que educadamente dizia: "Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, comigo”, o ladrão veio logo metendo o pé com violência pois, “O ladrão não vem senão para roubar, matar, e a destruir”; e, como diz o Chico poeta:

Arromba uma porta
Faz ligação direta
Engata uma primeira
E até
Dobra a Carioca, olerê
Desce a Frei Caneca, olará
Se manda pra Tijuca
Na contramão
Dança pára-lama
Já era pára-choque
Agora ele se chama
Emersão
Sobe no passeio, olerê
Pega no Recreio, olará
Não se liga em freio
Nem direção

Pobre e tolo veículo, era senhor de nada, de nadinha mesmo ... e estava era todo "zuado", confuso e com medo, muito medo! Em apenas uma noite de horror o coitado presenciou e participou de cenas que ele nunca imaginara possível, até um tiro na traseira ele levou.

Mas, no meio da madrugada quando o tanque de combustível secou, o ladrão quis nem saber, abandonou o pobre veículo, lá no Largo da Candelária a mercê de um bando "adictos que ainda sofrem" que lhe arrancaram rodas, bateria, até bancos e outras coisinhas mais. Todo depenado e abandonado o veículo se lembrou de seu dono, de como ele era gentil e atencioso com ele, de como ele era bem cuidado e tratado, e, por fim, de motor cansado e farol baixo, se rendeu antes mesmo de amanhecer!

Pela manhã, quando o sol já ia alto com seu brilho fulgurante, o dono do veículo o encontra em seu local de abandono, o proprietário passa então a chamar os anjos resgatadores, que guincham o veículo a um lugar seguro e ele toma várias providências para o início da recuperação física, mental e espiritual do veículo: o talzinho não é mais insolente agora e, assim, permite tranquilamente que o seu dono volte a cuidar dele.

Bem amados, é assim, como Deus me amou primeiro, eu, em retribuição, escolho "amá-lo também", assim o ladrão não terá poder sobre mim. Se eu amo a Deus eu sou um veículo exclusivo dEle. Isso me convém, pois me dá a garantia que só Ele cuida de mim.

Mas como eu posso dizer que eu verdadeiramente amo a Deus, a quem eu não posso ver, que me é algo difícil a mim compreender, sem eu amar também a você meu irmão e irmã, que se apresenta a mim de carne e osso e a quem eu vejo, pois, ele mesmo ordenou assim: “Tens de amar a Jeová, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de toda a tua força, e de toda a tua mente", e também, "o teu próximo como a ti mesmo".

Será que o veículo aprendeu definitivamente a lição? Será que ele não largará da mão de seu dono por todos os passos que terá que dar na vida? Terá ele recaída de insolência algum dia? Voltará ele o mais rápido possível a recuperação caso venha a recair? Durará o veículo para sempre a fim de poder viver no paraíso dos veículos?

Essas e outras respostas você encontra em … “a vida de todos nós e de cada um, adictos em recuperação”. Rsrsrs!

Só por hoje, o programa de N.A. é um programa de amor! Só por hoje, o programa de N.A. é coisa de Deus! SPH, bons momentos a todos!

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Este trabalho de André Luis Lenz, foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.
 
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