De fato, não houve grande interferência direta do governo de Roma contra o cristianismo, desde a morte do Senhor Jesus, em 29 d.C. até que o imperador Nero veio a se tornar o primeiro perseguidor romano de cristãos, acusando-os de terem provocado o incêndio de Roma, no ano 64 d.C.
Nesse nada curto período de tempo, que durou cerca de 35 anos, a perseguição contra os cristãos era exercida, essencialmente, pelos judeus. Todavia, quanto mais alastrada e intensa se tornava a perseguição judaica contra os cristãos, por todo império romano, o cristianismo também se alastrava e se fortalecia, ainda mais.
Até se tornar também um cristão, o notável apóstolo de Jesus, Paulo, antes chamado de Saulo de Tarso, um dos principais servidores do sumo sacerdote do Sinédrio que havia condenado Jesus, Caifás, havia sido qualificado como um dos mais zelosos perseguidores de Cristãos. A sua conversão foi resultado de uma fracassada tentativa dele se deslocar desde Jerusalém até a distante cidade de Damasco, a fim de trazer cativo um grupo de cristãos, que se encontravam naquela localidade Síria. Algum tempo antes, Paulo havia participado do martírio do cristão Estevão, e possivelmente, participou também, do martírio de outros cristãos, talvez menos notórios, e não mencionados na Bíblia.
Os judeus manipulavam, com uma certa maestria, as estruturas administrativas locais do Estado romamo. Ao contrário do Estado grego, seu antecessor, que havia sido marcadamente especulativo, o romano era jurídico por excelência. Sem a conivente autorização dos romanos, os judeus não poderiam ter perseguido os primeiros cristão, nestas primeiras três décadas e meia.
Para os judeus, o cristianismo havia nascido como uma seita indesejável, que se desenvolvia no seio do próprio judaísmo. O próprio Jesus, autor e consumador da fé cristã, era, para os judeus, como provável messias, uma grande decepção, que frustrava de modo contumaz as suas circunstanciais expectativas.
As relativas autoridades judaicas da época, esperavam por alguém com uma outra aparência e poder, para ser o líder que libertaria a região da Judeia da dominação romana, um rei poderoso que lideraria, politicamente, os judeus rumo à independência. Contudo, por ser Jesus como era, e se parecer apenas, não mais do que um simples profeta, como muitos dos que já haviam sido, anteriormente, desprezados, os judeus preferiam considerar que Jesus era, tão somente, um blasfemo, e não o messias que ele se autodenominava perante eles.
Como ele apenas pregava a paz, o amor a Deus e ao próximo e a remissão dos pecados, pregando, quase que exclusivamente, para algumas multidões das camadas sociais mais baixas da Judeia, as autoridades romanas não lhe deram grande importância e o consideraram, apenas, como um simples agitador popular, menos importante até, do que um ativista zelote qualquer, os quais, com entusiasmo, rebelavam-se contra o império romano com desejo de expulsá-lo pela força das armas. Todavia, com o período que se iniciou desde a morte de Jesus, foram as relativas autoridades judaicas que, com o mesmo entusiasmo, não deram trégua alguma em perseguir severamente os cristão, e de modo terrível, sempre com a conivência administrativa romana da localidade.
As circunstâncias em que Jesus Cristo, já adulto, teria surgido na cidade de Jerusalém formavam um quadro altamente explosivo, pois, de fato, a Judeia jamais se submetera totalmente ao controle do domínio imperial romano, ocorrendo frequentes sublevações, levando o Estado dominador a uma postura de ações puntuais mais repressivas, em relação à população local, do que aquela que ele praticava em outras regiões mais complacentes com a dominação do império.
Lendo-se os livros apócrifos de Macabeus I e II é possível se constatar que não houve intervalo algum entre o fim da dominação grega e o inicio da dominação romana sobre a região da Judeia. Houve, sim, simplesmente uma substituição imediata de domínios, de modo que os judeus vinham reagindo, mesmo desde antes do início da dominação romana, ainda sob o domínio grego, por meio de movimentos armados, contra a presença imperial estrangeira.
Em 175 a.C., Antíoco IV Epífanes chegou ao trono do império grego Selêucida e iniciou uma campanha de assimilação contra os habitantes da Judeia. Num esforço de unificar os elementos Gregos do seu império, Antíoco determinou a destruição da fé Judaica e a helenização dos Judeus. Um Édito foi publicado impondo os rituais religiosos aos Judeus em Jerusalém, sob pena de morte.
O sacerdote Matatias, recusou publicamente a adotar o helenismo, e iniciou uma revolta, escapando de Jerusalém, primeiramente para a aldeia de Modin, e depois para o deserto, levando consigo outros combatentes. Com a morte de Matatias, seus filhos Judas, cognominado "macabeu", e depois da morte deste, Jônatas, assumem a liderança do movimento de revolta e conseguem importantes conquistas e impõem uma certa liberdade a Israel frente à dominação grega e acabam por conseguir restabelecer o culto, purificado e dedicando novamente o Templo de Jerusalém, em 165 a.C..
Todavia a história do livro de Macabeus é bastante clara em mostrar que foi apenas após uma aliança ocorrida entre os macabeus e os romanos, uma aliança defensiva com o senado romano, e contra os gregos, que permitiu expelir definitivamente os invasores helenistas, o que pôs um termo, ao movimento guerrilheiro liderado por Judas Macabeu, filho de Matatias, e de seus irmãos. Paralelamente a isso, ocorria que do ponto de vista militar, a Grécia havia entrado num declínio tal, que os romanos conquistaram todo o seu território, de 168 a.C. em diante, ainda que, em contrapartida, a arte, a cultura e a religião grega, é que houvessem, de fato, conquistado os romanos.
Na Judeia, sucedendo ao terceiro irmão Macabeu, Simão, encontramos o filho deste, João Hircano, que consolida o poder em suas mãos realizando ainda mais alianças com Roma e outros impérios de sua época. Essa dinastia, a dinastia da casa de Matatias, conhecida como "asmoneus", passa governar a Judeia. Para governar, João Hircano e seus sucessores, usurpam tanto o título de etnarca como o de sumo-sacerdote. Os assideus, alarmados com as ambições dos Asmoneus e com o caráter secular que assume o seu reinado, rompem com eles. Segundo este grupo, ao se fazer sacerdote sem possuir o direito de família os Asmoneus cometem uma terrível falta. Isto gerou a ruptura profunda entre os descendentes dos Assideus (fariseus e essênios) e o partido ligado aos asmoneus (saduceus), os três partidos judaicos que então se formam.
Não obstante ao fim do domínio do helenismo grego sobre a Judeia, as diversas controvérsias entre os partido judaicos, agravado por dissidências internas, de continuo mantinham os judeus enfraquecidos como nação e o seu reino, agora sob o permanente olhar rapinante da águia romana. A questão a ser levantada aqui é: O que o povo judeu supunha ter em haver com a politeísta idolatria estatal romana, que não fosse a mesma coisa que tivesse em haver com o panteísmo helênico dos gregos?
A Roma cuja fama empolgara os macabeus, levando-os a buscar com ela aquele pacto, mas sem consultar a Deus (ver Capitulo 8 do livro apócrifo I Macabeus), agora era o que se tornava em ameaça maior. O fato é que, em 64 a.C., em meio a um novo acirramento das disputas internas dos judeus, o general romano Pompeu marchou com suas tropas, invadiu e conquistou Jerusalém e fez do débil reino judeu um estado vassalo de Roma.
Entre 57 a.C. e 55 a.C., Aulo Gabínio, procônsul da Síria, dividiu o antigo reino em Galileia, Samaria e Judeia, com cinco sinédrios (côrte de juízes). Em 40-39 a.C. Herodes, o Grande foi apontado Rei dos Judeus pelo senado romano, no entanto em 6 d.C. seu sucessor e filho, Herodes Arquelau, etnarca da Judeia, foi deposto pelo imperador romano Augusto.
A deposição de Herodes Arquelau (4 a.C. - 6 d.C.) como governante do reino a Judeia, foi o primeiro grande acontecimento histórico envolvendo o povo judeu, após o nascimento de Jesus e a frustrada tentativa daquele rei, de eliminar a vida de Jesus, enquanto Jesus ainda era pequeno, por ordenar a matança dos inocentes referida nos evangelhos. Mas o messias sobrevivera, porquanto Deus havia escolhido o momento perfeito para a sua vinda.
O cruel e despótico Arquelau, foi banido para a Gália e os territórios que ele antes governava, a Judeia e a Samaria, foram anexados à administração romana direta, estabelecida em Cesareia, enquanto que em Jerusalém, foi sediado um destacamento militar sob o comando de um tribuno, aquartelado na Torre Antônia, no ângulo nordeste do Templo.
Esse fato marcou o fim de Judá como um reino, mesmo que apenas teoricamente independente, e mostraram ainda que, as promessas da aliança entre Roma e os Macabeus, jamais se cumpriram, de modo efetivo, simplesmente porque, muito embora Judas Macabeu tivesse ficado deveras impressionado com os relatos que ouviu, sobre a grandeza daquele império diante das nações do mundo, ele, por infelicidade, perdera o olho singelo, por não ter buscado consultar ao Senhor Jeová sobre um assunto tão importante, de modo que a aprovação de Deus, jamais esteve presente naquela aliança, muito embora, quisesse Roma ou não, gostasse ela ou não, daquela ocasião em diante, ela passaria a ter uma participação mais ativa, no contexto dos planos de Deus.
Anos mais tarde, um dos irmãos de Arquelau, Herodes Antipas, tetrarca da Galileia, foi o responsável pela prisão do profeta João Batista, e, posteriormente, também pela sua morte, por causa de Herodias, a ex-mulher de um outro seu irmão, Herodes Filipe. Herodias, por ambição de se tornar rainha deixara o marido para viver com Antipas em 27 d.C. e por isso era censurada por João Batista. Ardilosamente provocado á lascívia por sua sobrinha Salomé, a mando da mãe, Herodias, durante o festejo da celebração de seu próprio aniversário, Antipas acabou por concordar em executar a morte João Batista, a quem já mantinha em cárcere. João o Batista era seis meses mais velho que Jesus e seu primo, consanguíneo, em segundo grau.
Foi em meio a esse clima politicamente tenso que Jesus procurou exprimir uma mensagem baseada no amor ao próximo, no perdão às ofensas e no desapego aos bens materiais. Tal mensagem em nada ameaçava o domínio romano, mesmo porque, segundo os evangelhos, Jesus sempre enfatizou que a sua pregação nada tinha de política, e que o reino a que ele se referia, não era um reino terrestre.
No entanto, assim como as autoridades romanas buscavam formas de fazer agrados para com as corrompidas autoridades judaicas, também a recíproca precisava ser verdadeira. A tolerância romana quanto a liberdade de culto judeu no templo de Jerusalém, precisava ser compensada com os judeus dando lugar a liberdade de cultos estrangeiros em suas cidades. Por isso, de um lado, Antipas, homem de ânimo doble, fazia concessões à cultura dos gentios romanos, mas por outro cultivava a tradição religiosa judaica, deslocando-se, anualmente, de Tiberíades para Jerusalém, onde participava das festividades da Páscoa (Pessach). Desde modo foi que Jesus, já adulto, irritado, encontrou o templo profanado, enquanto casa de oração para todas as nações.
Tiberíades, foi mandada construir por Herodes Antipas, em homenagem ao imperador romano Tibério , exclusivamente para ser a capital da Galileia e sua construção foi acelerada, por contribuições romanas, sendo concluída em apenas dois anos. O historiador judeu Flávio Josefo escreveu sobre a população original de Tiberíades, com evidente desprezo, pela gente que Antipas implantou ali, vinda de todas as partes do império.
A dominação romana da Judeia, apesar de aparentemente tolerada pelas autoridades relativas judaicas, como fato estabelecido e consumado, continuava sendo, no fundo, algo extremamente detestável à consciência judaica da época de Jesus. No entanto, uma dissidência dentro da própria religião do judaísmo, como aquela a que se aparentava a pregação de Jesus, e ainda trazendo o desalento da decepção com respeito às expectativas sobre do messias pela ótica judaica de então, era algo ainda mais abominável àquela mesma consciência.
Já, para os romanos, o conturbado caráter político da região da Judeia, aliado à característica postura romana de combater sistematicamente o surgimento de toda e qualquer grande liderança que pudesse vir ofuscar o predomínio do Império, poderiam fazer de Jesus, um inimigo potencial para Roma. Todavia, o fator realmente preponderante, foi a atitude comum do Estado romano, de procurar, sempre, aliar-se às elites das áreas dominadas, utilizando-as como um elemento de controle sobre os setores populares.
Tal atitude significava mais do que simplesmente a manutenção do império, pois provia um instrumento adequado de expansão do mesmo. Dessa forma, a condenação imposta a Jesus pelos romanos foi, de fato, um ato de simpatia para com as autoridades religiosas judaicas, que já o haviam repudiado como blasfemo.
Segundo os Evangelhos, Jesus foi preso não pelos romanos, mas sim, pelo judeu e amigo Judas, acompanhado de um destacamento de soldados e dos oficiais dos principais sacerdotes e dos fariseus, com tochas, lâmpadas, e armas. A gota d'água, para Caifás e outros dos principais senhores do sinédrio, já havia sido a ocasião da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, montado em um singelo jumentinho, sob as saudações de vivas do povo, clamando "Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito o reino que vem, o reino de nosso pai Davi! Hosana nas alturas!". Tendo Jesus entrado em Jerusalém, foi ao templo.
Assim Jesus foi levado, detido, para interrogatório. Todavia as autoridades judaicas sabiam não poder condená-lo por si sós e nem ao menos detê-lo, por muito tempo, sem que houvesse um tácito, porém manifesto, consentimento por parte da administração romana.
Com urgência, as autoridades judaicas, ora virtualmente submissas às leis romanas, encaminham o detento Jesus ao governador Romano, sob acusações de blasfêmia. Numa sequência de eventos aparentemente tumultuadas, porém manobrada pelas autoridades judaicas, Jesus foi entregue a tortura, a mando do procurador romano Pôncio Pilatos e por fim, ainda por instância dos judeus, Jesus foi condenado à morte por cruz (ou por estaca) no ano de 29 d.C.. A morte de Jesus foi executada pela administração romana, pois as autoridades judaicas relativas, não tinham poder de executar sentenças de morte em seu próprio território, por estarem sob o governo romano.
O apóstolo e médico Lucas é quem narra com maiores detalhes os fatos ocorridos, no capitulo 23 de seu escrito evangélico:
"E levantando-se toda a multidão deles, conduziram Jesus a Pilatos. E começaram a acusá-lo, dizendo: Achamos este homem pervertendo a nossa nação, proibindo dar o tributo a César, e dizendo ser ele mesmo Cristo, rei. Pilatos, pois, perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: É como dizes. Então disse Pilatos aos principais sacerdotes, e às multidões: Não acho culpa alguma neste homem.
Eles, porém, insistiam ainda mais, dizendo: Alvoroça o povo ensinando por toda a Judeia, começando desde a Galileia até aqui. Então Pilatos, ouvindo isso, perguntou se o homem era galileu e, quando soube que era da jurisdição de Herodes, remeteu-o a Herodes (Antipas), que também naqueles dias estava em Jerusalém (para a ocasião da festividade da páscoa).
Ora, quando Herodes viu a Jesus, alegrou-se muito; pois de longo tempo desejava vê-lo, por ter ouvido falar a seu respeito; e esperava ver algum sinal feito por ele e fazia-lhe muitas perguntas; mas ele nada lhe respondeu.
Estavam ali os principais sacerdotes, e os escribas, acusando-o com grande veemência. Herodes, porém, com os seus soldados, desprezou-o e, escarnecendo dele, vestiu-o com uma roupa resplandecente e tornou a enviá-lo a Pilatos. Nesse mesmo dia Pilatos e Herodes tornaram-se amigos; pois antes andavam em inimizade um com o outro.
Então Pilatos convocou os principais sacerdotes, as autoridades e o povo, e disse-lhes: Apresentastes-me este homem como pervertedor do povo; e eis que, interrogando-o diante de vós, não achei nele nenhuma culpa, das de que o acusais; nem tampouco Herodes, pois no-lo tornou a enviar; e eis que não tem feito ele coisa alguma digna de morte. Castigá-lo-ei, pois, e o soltarei. [E era-lhe necessário soltar-lhes um pela festa.]
Mas todos clamaram à uma, dizendo: Fora com este, e solta-nos Barrabás! Ora, Barrabás fora lançado na prisão por causa de uma sedição feita na cidade, e de um homicídio. Mais uma vez, pois, falou-lhes Pilatos, querendo soltar a Jesus. Eles, porém, bradavam, dizendo: Crucifica-o! crucifica-o!
Sedição significa: Perturbação da ordem pública; agitação, sublevação, revolta, motim, de modo que Barrabás, era um criminoso político no julgamento dos romanos mas, não o era para os judeus. Assim, Jesus foi torturado pelos romanos e, por fim, crucificado.
O apóstolo e médico Lucas é quem narra com maiores detalhes os fatos ocorridos, no capitulo 23 de seu escrito evangélico:
"E levantando-se toda a multidão deles, conduziram Jesus a Pilatos. E começaram a acusá-lo, dizendo: Achamos este homem pervertendo a nossa nação, proibindo dar o tributo a César, e dizendo ser ele mesmo Cristo, rei. Pilatos, pois, perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: É como dizes. Então disse Pilatos aos principais sacerdotes, e às multidões: Não acho culpa alguma neste homem.
Eles, porém, insistiam ainda mais, dizendo: Alvoroça o povo ensinando por toda a Judeia, começando desde a Galileia até aqui. Então Pilatos, ouvindo isso, perguntou se o homem era galileu e, quando soube que era da jurisdição de Herodes, remeteu-o a Herodes (Antipas), que também naqueles dias estava em Jerusalém (para a ocasião da festividade da páscoa).
Ora, quando Herodes viu a Jesus, alegrou-se muito; pois de longo tempo desejava vê-lo, por ter ouvido falar a seu respeito; e esperava ver algum sinal feito por ele e fazia-lhe muitas perguntas; mas ele nada lhe respondeu.
Estavam ali os principais sacerdotes, e os escribas, acusando-o com grande veemência. Herodes, porém, com os seus soldados, desprezou-o e, escarnecendo dele, vestiu-o com uma roupa resplandecente e tornou a enviá-lo a Pilatos. Nesse mesmo dia Pilatos e Herodes tornaram-se amigos; pois antes andavam em inimizade um com o outro.
Então Pilatos convocou os principais sacerdotes, as autoridades e o povo, e disse-lhes: Apresentastes-me este homem como pervertedor do povo; e eis que, interrogando-o diante de vós, não achei nele nenhuma culpa, das de que o acusais; nem tampouco Herodes, pois no-lo tornou a enviar; e eis que não tem feito ele coisa alguma digna de morte. Castigá-lo-ei, pois, e o soltarei. [E era-lhe necessário soltar-lhes um pela festa.]
Mas todos clamaram à uma, dizendo: Fora com este, e solta-nos Barrabás! Ora, Barrabás fora lançado na prisão por causa de uma sedição feita na cidade, e de um homicídio. Mais uma vez, pois, falou-lhes Pilatos, querendo soltar a Jesus. Eles, porém, bradavam, dizendo: Crucifica-o! crucifica-o!
Sedição significa: Perturbação da ordem pública; agitação, sublevação, revolta, motim, de modo que Barrabás, era um criminoso político no julgamento dos romanos mas, não o era para os judeus. Assim, Jesus foi torturado pelos romanos e, por fim, crucificado.
Antes do por do sol daquele mesmo dia, por intercessão do então ainda judeu, José de Arimateia, Jesus foi sepultado, segundo o costume dos judeus, por que ele era judeu, porém, com respeito a lei mosaica relativa aos delinquentes que são condenados a morte, como narrado em Mateus 27:59-
"E José, tomando o corpo, envolveu-o num pano limpo, de linho, e depositou-o no seu sepulcro novo, que havia aberto em rocha; e, rodando uma grande pedra para a porta do sepulcro, retirou-se. Mas achavam-se ali Maria Madalena e a outra Maria, sentadas defronte do sepulcro.
No dia seguinte, isto é, o dia depois da preparação, reuniram-se os principais sacerdotes e os fariseus perante Pilatos, e disseram: Senhor, lembramo-nos de que aquele embusteiro, quando ainda vivo, afirmou: Depois de três dias ressurgirei. Manda, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até o terceiro dia; para não suceder que, vindo os discípulos, o furtem e digam ao povo: Ressurgiu dos mortos; e assim o último embuste será pior do que o primeiro.
Disse-lhes Pilatos: Tendes uma guarda; ide, tornai-o seguro, como entendeis. Foram, pois, e tornaram seguro o sepulcro, selando a pedra, e deixando ali a guarda." Mas Jesus ressuscitou como havia sido predito.
Por isso, ao vencer a sua própria morte, com a sua ressurreição, Jesus não apenas destruiu o poder da morte sobre toda a humanidade em si, mas superou também a própria lei e selou o estabelecimento uma nova aliança entre Deus e os Homens, a qual, todo ser humano existente na face da terra, passou a ter direito de escolha do perdão da parte de Deus.
"E José, tomando o corpo, envolveu-o num pano limpo, de linho, e depositou-o no seu sepulcro novo, que havia aberto em rocha; e, rodando uma grande pedra para a porta do sepulcro, retirou-se. Mas achavam-se ali Maria Madalena e a outra Maria, sentadas defronte do sepulcro.
No dia seguinte, isto é, o dia depois da preparação, reuniram-se os principais sacerdotes e os fariseus perante Pilatos, e disseram: Senhor, lembramo-nos de que aquele embusteiro, quando ainda vivo, afirmou: Depois de três dias ressurgirei. Manda, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até o terceiro dia; para não suceder que, vindo os discípulos, o furtem e digam ao povo: Ressurgiu dos mortos; e assim o último embuste será pior do que o primeiro.
Disse-lhes Pilatos: Tendes uma guarda; ide, tornai-o seguro, como entendeis. Foram, pois, e tornaram seguro o sepulcro, selando a pedra, e deixando ali a guarda." Mas Jesus ressuscitou como havia sido predito.
Por isso, ao vencer a sua própria morte, com a sua ressurreição, Jesus não apenas destruiu o poder da morte sobre toda a humanidade em si, mas superou também a própria lei e selou o estabelecimento uma nova aliança entre Deus e os Homens, a qual, todo ser humano existente na face da terra, passou a ter direito de escolha do perdão da parte de Deus.
Após ser preso e morto, a tendência esperada, compartilhada tanto por romanos, e mais ainda por judeus, era a de que seus seguidores se dispersassem e seus ensinamentos fossem, aos poucos, esquecidos. Todavia, por obra de um poder que os romanos nunca antes haviam conhecido e que os judeus já haviam esquecido quase que por completo, o Espírito Santo de Deus, ocorreu justamente o contrário.
É justamente nesse fato que se assenta a fé cristã. Como haviam antecipado os profetas no Antigo Testamento, Jesus, o Cristo, ressuscitou, apareceu a seus apóstolos, que estavam escondidos e temerosos e ordenou que se espalhassem pelo mundo pregando sua mensagem de amor, paz, restauração e salvação, a toda criatura. Durante as primeiras três décadas e meia da sua existência, em que o cristianismo foi, de contínuo, severamente perseguido e combatido pelo judaísmo, o governo romano esteve sempre em conveniente conivência, tentando agradar as autoridades dos judeus. Só mesmo um Espírito de poder sobrenatural verdadeiro e santo, poderia mover uns poucos humanos obedientes, acuados e simplistas, mesmo debaixo de tribulações, a agir de uma maneira tal, a causar a maior revolução libertadora de todos os tempos.
Neste período, o cristianismo se espalhou a ponto de, partindo da Judeia, já ter atingido a própria capital do império, Roma, para onde fora levado, notadamente, por prosélitos cristãos, principalmente os convertidos de origem étnica judaica. Estes, invariavelmente pertencentes às classes sociais mais baixas, que uma vez tornados cristãos conversos, viam na situação de tornarem-se empregados, servos ou mesmo escravos de senhores em Roma, melhores condições do que aquelas que existiam em se permanecer na miséria e tribulação, que lhes era infringida pela perseguição que sofriam vivendo na Judeia, que chegava ao ponto de lhes ameaçar, frequentemente, a própria vida.
Nesta época, em Roma, ainda não havia judeus em número muito considerável, principalmente para causar manipulação local contra os cristãos, devido ao genuíno ódio que os cidadãos judeus comuns nutriam por Roma, e assim, os cristãos podiam gozar, a princípio, de relativa liberdade e dignidade ali. Porém, a cumplicidade corrupta entre as autoridades judaicas e romanas continuava.
A queda de Herodes Antipas começou quando seu sobrinho, Herodes Agripa I, que herdara a tetrarquia da Traconítida (região histórica do antigo Israel, ao sul de Damasco, incluindo as montanhas Antilíbano e Batanea. Significa "região pedregosa.") de Filipe, foi reconhecido como rei pelo imperador romano Calígula.
Influenciado por Herodias (a mesma que causou morte de João Batista), Antipas foi a Roma para exigir a mesma honraria. Mas Agripa antecipou-se a ele, fazendo chegar uma mensagem ao imperador, onde acusava o tio de conspirar com os Partos, inimigos do Império Romano. Chegando a Roma, Antipas não somente teve suas pretensões negadas, como ainda perdeu sua tetrarquia (da Galileia), que foi entregue, em acúmulo, a Agripa. Exilado para Lião (Gália), em 39 d.C., Antipas, veio a morrer nesse mesmo ano.
Isso sucedeu dessa forma pois, desde a idade de 6 anos, após o assassínio de seu pai, Agripa I, havia sido criado em Roma, na corte do imperador Tibério, e havia tido a oportunidade de crescer como companheiro íntimo do futuro imperador Calígula e era também muito extrovertido e dado a boas relações com toda sorte de gente importante da corte romana. Entregando-se a uma vida dissoluta, desperdiçando todo o dinheiro que sua mãe lhe deixara, na busca desenfreada de prazeres exóticos, passou a ser perseguido pelos credores, de quem tomara altas somas emprestadas, a altos juros, viu-se obrigado a deixar Roma e a refugiar-se junto ao tetrarca Herodes Antipas, que concedeu-lhe apenas um modesto emprego de comissário comercial em Tiberíades.
De volta a Roma, Agripa caiu nas boas graças de Antônia, mãe de Cláudio e avó de Calígula, que lhe emprestou a quantia necessária para resgatar seus débitos pendentes. Algum tempo depois, uma conversa descuidada em uma carruagem, custou-lhe seis meses de liberdade. Ele comentara com Calígula, que seria bom que Tibério não demorasse a morrer, para que seu companheiro assumisse logo o trono. O comentário foi escutado pelo cocheiro e repassado ao Imperador.
Tibério morreu seis meses mais tarde e Calígula tomou seu lugar, mandando soltar Agripa e, como forma de compensação, nomeou-o rei dos territórios que tinham sido as tetrarquias de seu tio, Felipe, falecido em 37 d.C., e de Lisânias, compreendendo os distritos nordeste da Palestina e as áreas setentrionais em volta do monte Líbano. Agripa permaneceu mais um ano em Roma antes de assumir seu reino, mas quando o fez, promoveu uma volta triunfal, só pelo prazer de ver sua irmã e o marido, roerem-se de inveja.
Quando Calígula foi assassinado, em 41 d.C., Agripa estava, lá mais uma vez, visitando Roma e desempenhou um papel importante nas negociações entre os militares e os senadores, que desembocaram na confirmação de Cláudio, como novo imperador. Agradecido, Cláudio concedeu-lhe o governo da Judeia, Samaria e da Idumeia, que eram uma província romana desde a deposição de Herodes Arquelau, acumuladas as que agripa já tinha por direitos anterior.
Desse modo, apesar de ter sido tudo sob as benesses romanas, reconstituiu-se o reino que Herodes, o Grande, construíra e que fora desmembrado após sua morte. Parecia que que Agripa I tinha tudo em mãos para realizar "a grande virada judaica", que era o que os Judeus, mesmo após Jesus, continuavam esperando de um messias. Mas quando Agripa I decidiu construir novas muralhas em Jerusalém, teve que interromper as obras, por ordem de Cláudio. O historiador Josefo afirma que, se as obras fossem completadas, elas teriam tornado a cidade inconquistável.
Agripa
morreu repentinamente, de complicações abdominais, após cinco dias
de agonia, em 44 d.C., sob suspeitas de ter sido envenenado, porém a
Bíblia nos narra o que realmente ocorreu: " ... por aquele
mesmo tempo o rei Herodes [Agripa] estendeu as mãos sobre alguns da
igreja, para os maltratar; E matou à espada Tiago, irmão de João.
E, vendo que isso agradara aos judeus, continuou, mandando prender
também a Pedro." (Atos 12:1-3).
Porém,
Pedro foi liberto da prisão em pouco tempo, pela ação do poder
sobrenatural de Deus, antes mesmo de tomar conhecimento do assassínio
de Tiago, e antes também que Herodes Agripa pudesse ter tido a
oportunidade de lançar mãos dele. Agripa, contrariado, deixa
Jerusalém e retorna a Cesareia, e pelo mesmo poder que libertou
Pedro, sucedeu que: " ... num dia designado, vestindo Herodes as
vestes reais, estava assentado no tribunal e lhes fez uma prática. E
o povo exclamava: Voz de Deus, e não de homem. E no mesmo instante
feriu-o o anjo do Senhor, porque não deu glória a Deus e, comido de
bichos, expirou. E a palavra de Deus crescia e se multiplicava."
(Atos 12:21-24).
Assim,
Agripa se fora e enquanto "a palavra de Deus crescia e
multiplicava", em três décadas e meia de contínua migração,
facilitada pela inexistência de fronteiras dentro do império e pela
necessidade da capital por mão de obra escrava ou de servidores de
baixo custo, e ainda com a multiplicação das conversões de
cristãos na própria Roma, crescendo admiravelmente muito
rapidamente em número, os cristãos passaram a chamar para si, a
atenção do Estado romano.
De
início, professado apenas pelos descendentes de judeus que viviam na
periferia de Roma, o cristianismo logo difundiu-se, primeiramente
pelas camadas mais pobres da população, especialmente entre os
escravos, e pouco a pouco foi evoluindo, até passar a atingir também
os cidadãos e mesmo algumas famílias da nobreza romana e se tornar,
consequentemente, alvo de preocupação por parte do Estado, pois,
afinal, eles pregavam uma total submissão apenas a Deus, e não ao
império e ao imperador romano.
Além do
mais, a presença do apóstolo Pedro, e por fim, também do apóstolo
Paulo, em serviço missionário ali em Roma, estimulou, ainda mais,
os cristãos a se multiplicarem e a começarem uma certa forma de
organização de estrutura de serviço, maior e mais eficiente do que
aquela experimentada, originalmente, em Jerusalém. Era frequente a
necessidade da comunidade cristã de Jerusalém, de ajuda material
por parte das comunidades cristãs que vinham surgindo em outras
localidades.
Contudo,
em Roma, por fim, aconteceu de o imperador Nero dar inicio a
perseguição romana direta contra os cristãos, no ano 64 d.C.. Tal
primeira perseguição durou quatro longos e terríveis anos, e,
sob ela, tanto o apóstolo Pedro quanto Paulo, pereceram.
Concomitantemente, a força da perseguição da parte judaica contra
os cristão entrava em colapso, pois a partir de 66 d.C. com
deflagração da revolta dos judeus em Jerusalém contra os romanos,
que se espalhou por toda a Judeia, as autoridades Judaicas já não
contariam mais com as benesses do Estado. Nesta ocasião os cristão
que ali ainda restavam, sabiamente, se lembrando dos avisos
proféticos de Jesus, se mobilizaram em grande número, para se
afastar da região do conflito, antecipadamente.
Jerusalém
foi sitiada e finalmente atacada pelos romanos em 70 d.C., com um
saldo de mais de 100.000 mortos, tendo sido destruído, inclusive,
mais uma vez, o templo de Jerusalém. Toda a região da Judeia
continuou sendo varrida e arrasada pelos romanos, com grande parte da
sua população sendo ou dizimada ou dispersa para fora da região,
até nos três anos seguintes.
A
perseguição romana contra os cristãos, e agora também, igualmente
contra os judeus, voltaria a se acentuar, ainda mais, no reinado de
Domiciano, notadamente de modo cruel, a partir do ano 92 d.C..
Todavia,
isso não conseguiu impedir que, pouco a pouco, o espírito legalista
típico do estado romano fosse se afirmando também na formação da
subsistente comunidade cristã de Roma, dando-lhe uma ênfase cada
vez maior na organização das estruturas eclesiásticas, a ponto de,
entre os anos de 88 a 97 d.C., os cristãos de Roma, infelizmente,
sentirem-se com força organizacional o bastante, para passar a dar o
troco aos judeus que outrora os perseguiam, com Clemente, Bispo de
Roma, terceiro sucessor do apóstolo Pedro, responsabilizando-os pela
persecução que Nero havia impingido contra os cristãos. Por causa
da atuação moderadora de Clemente, em uma crise da comunidade
cristã de Corinto, para a qual ele escreveu uma longa e importante
epístola, os cristão de Roma, mais tarde, viriam a reclamar a
primazia da sua sede, Roma, sobre todas demais comunidades de
cristãos.
A agora
enraizada e justificada perseguição e o desprezo contra os cristãos
por parte do Estado romano, persistiu por longo tempo, variando de
intensidade de tempos em tempos. A recusa dos cristãos em aceitar o
culto da divindade do imperador foi, para os romanos, com toda
probabilidade, a base jurídica de tais seguidas perseguições.
Clemente foi preso no reinado de Trajano e condenado a trabalhos
forçados. Por continuava a atuar na conversão de outros presos, foi
por isso martirizado, em 101 d.C..
Já, a
primeira perseguição que envolveu todo o território imperial
aconteceu sob o governo de Maximino, apesar do fato de que apenas o
clero tenha sido visado. Foi somente sob Décio, em meados do segundo
século, que a perseguição generalizada – tanto ao clero quanto
aos leigos – tomou lugar em toda a extensão do Império. Gregório
de Tours trata deste tema em sua História dos Francos, escrita no
final do século VI:
“Sob o
imperador Décio, muitas perseguições se levantaram contra o nome
de Cristo, e houve tamanha carnificina de fiéis que eles não podiam
ser contados. Bábilas, bispo de Antioquia, com seus três filhos
pequenos, Urbano, Prilidan e Epolon, e Sisto, bispo de Roma,
Laurêncio, um arquidiácono, e Hipólito tornaram-se perfeitos pelo
martírio porque confessaram o nome do Senhor."
Apesar de
confundir as épocas de perseguição (pois menciona, ao mesmo tempo,
personagens que foram martirizados sob Maximino, Valeriano e Décio),
o testemunho de Gregório mostra o quanto o tema da perseguição
marcou o imaginário da Igreja nos primeiros séculos. As
perseguições estatais seguintes foram inconstantes até o terceiro
século, apesar do "Apologeticum" de Tertuliano, de 197
d.C., ter sido escrito ostensivamente em defesa de cristãos
perseguidos e dirigido aos governantes romanos.
Todavia,
mesmo debaixo de perseguição e adversidade, o cristianismo
continuava sempre crescendo. No período de reinado do imperador
Diocleciano, houve um clímax persecutório, no qual, a agora já
muito bem organizada igreja de Roma, passou por um momento de
terrível perseguição. O imperador fez mais essa tentativa, entre
os anos de 303 a 305 d.C. de suprimir o cristianismo, por suprimir a
igreja, eliminando tanto clérigos quanto leigos, e mais uma vez foi
um fracasso.
Para saber muitos mais detalhes sobre as várias perseguições aos cristãos ocorridas sob o Império Romano, veja o excelente documentário: Documentário Espelho dos Mártires
Assim, a igreja de Jesus Cristo sofria de perseguição m perseguição, até que
aconteceu um fato divisor de águas: Diocleciano abdicou do trono, e
seus quatro generais, que governavam regiões administrativas,
entraram em guerra. Os dois generais que mais tinham possibilidade de
chegar a ser imperador eram Constantino e Magêncio. A vitória de
Constantino sobre Magêncio, na Batalha da Ponte Mílvio, em 28 de
outubro de 312 d.C., perto de Roma, a qual Constantino,
posteriormente, atribuiu ao Deus cristão, explicando, na noite
anterior à batalha, ele havia sonhado com uma cruz, e que nela
estava escrito: “In hoc signo vinces”, do latim que significa:
"Sob este símbolo vencerás".
A partir
de Constantino tornado imperador, em 313 d.C., os imperadores
passaram a “proteger e estimular cada vez mais a fé cristã”,
promovendo uma crescente fusão entre a igreja e o estado, nas qual
muitos ajustes, de ambos os lados, foram feitos para que cada um se
adaptasse às necessidades do outro, até que, na época de Teodósio
I, em 380 d.C., o Império Romano tornou-se oficialmente um “estado
cristão”.
Muito
embora aquela aparentemente conveniente “conversão estatal”, em
seguida o império romano continuaria com o seu já existente
declínio, caminhando, até mesmo, ainda mais rapidamente para a sua
ruína, até que por fim a humanidade ocidental, herdeira do legado
do império romano, passou a entrar num longo período de
obscurantismo histórico, com a queda de Roma a partir de 476 d.C..
Isso
ocorreu, não que o cristianismo, em si, causasse o declínio do
império romano pois, no início do século IV apenas de 5% a 7% dos
romanos tinham se tornado cristãos, e, por essa época, em sua
grande maioria, estes estavam vivendo na parte Oriental do império,
exatamente o lado que permanecerá mais forte e estruturado durante a
crise final do século V.
Já, no
século III, que havia sido a fase mais aguda de crise econômica e
social, enquanto os cristãos, embora bastante organizados, ainda não
passavam de uma minoria que se reuniam nas catacumbas da Capital, nas
fronteiras de expansão do império, as elites dirigentes das legiões
romanas e suas ações em consonância com as estratégias oficiais
do estado, exigiam um número incessantemente crescente de soldados,
de elevação de soldos e recursos para as guerras.
Por outro
lado, houve ainda uma diversificação cultural e religiosa, que a
sociedade romana expandida experimentou, após o contato com as
populações das colônias e com a naturalização dos bárbaros. Tal
fato possibilitou à população insatisfeita do núcleo do império,
passar a duvidar da influência dos deuses oficiais greco-romanos nas
decisões políticas, explicação que até então legitimava o poder
do império e do imperador, levando um bom número deles a buscar
adesão a crescente religião cristã.
O fato é
que, depois das dificuldades experimentadas do século III, vários
imperadores procuraram centralizar ainda mais o Estado, a fim de
obter um maior controle dos cidadãos de um tão vasto império,
agora existentes em grande diversidade sócio cultural e religiosa,
para que deste modo fosse mais fácil mobilizar os enormes recursos
humanos e financeiros para defender, sem em nada abrir mão, a
estupidamente expandida fronteira do império e o fragilizado núcleo
imperial, e, principalmente, unificar isso tudo em torno de uma
ideologia única.
Com
Constantino I, passou-se a eleger o cristianismo, devidamente fundido
e adaptado, de maneira discreta, à antiga religião greco-romano
oficial do Estado, como a religião capaz de produzir aquele desejado
monopólio ideológico unificado. Afinal de contas, o cristianismo
era, de fato, contra todas a possibilidades e expectativas, a
religião que mais crescia, e passava a influenciar a nata romana,
mesmo debaixo de adversidades.
Creio que
Roma foi devorada por si própria e por seu incessante e compulsivo
desejo expansionista e, eu, particularmente não creio, que imperador
romano algum, que tenha vivido até a queda do império do ocidente,
efetivamente tivesse crido, verdadeiramente, no Deus dos cristãos,
e, principalmente enxergado, que a real fonte de sucesso do
cristianismo, contra todas as adversidades as quais ele era
submetido, era o poder daquele mesmo Deus.
Roma,
enquanto Estado imperial, tentou “usar” em seu benefício o
cristianismo, mas o cristianismo era algo que até então as elites
romanas, verdadeiramente, não entendiam e nem sequer conheciam ao
certo. Por isso, não é de estranhar não ter obtido exito em
extrair o efeito expectado disso.
O fato é
que Roma estava se condenando, por não vislumbrar a possibilidade de
retroceder em sua política de expansão já realizada e, nem mesmo o
“esforço final” de “absorção” do cristianismo ocorrido,
apesar de dar algum alento e sobrevida, de modo algum conseguiu
reverter a falência final do império.
Durante
toda a “Pax Romana” a instituição militar tinha se visto
orientada para múltiplos objetivos. Além da defesa fronteiriça de
mais de 9000 Km, da fortificação de pontos estratégicos,
construção de estradas e segurança pessoal das mais altas
magistraturas imperiais, transmitir elementos da cultura, religião e
língua latina às regiões onde se fixavam as guarnições
militares, bem como a criação de condições favoráveis para o
desenvolvimento das economias locais, a sua presença impunha o
respeito e a aceitação incondicional da soberania de Roma: assim
era a paz romana.
A
manutenção da paz e da estabilidade no mundo romano era atribuída
aos militares como tarefa primordial e de grande importância: Era
uma paz armada e atingível apenas com a presença das legiões. Essa
era a única forma de assegurar uma harmonia mínima e a articulação
entre o poder imperial e as vastas regiões a governar, servindo de
instrumento de apoio à execução de medidas de carácter
administrativo, todavia, de maneira notória, isso também fez com
que o império, de modo inevitável e continuamente, consumisse a si
próprio, em termos de recursos.
Por outro
lado, influenciada pelos decretos da oficialização e da resultante
“adaptação” que propiciariam a “liberdade” de culto e de
manifestação, “o cristianismo”, ou melhor, a agora oficialidade
do cristianismo, a igreja, passou, de modo infeliz, a tornar-se, para
alguns, veículo de promoção social e de meio para a obtenção de
cargos e benefícios públicos.
Na medida
em que essa nova nomenclatura romana de “fé cristã” se
consolidava como religião, os territórios onde ela “desabrochava”,
dividiram-se em dioceses e paróquias, à frente dos quais foram
postos bispos e párocos, sob a chefia do papa, sucessor de Pedro e
bispo de Roma, a capital, e agora sob as benesses diretas do Estado
romano em decadência.
Assim,
como religião oficial e marcadamente urbana que se tornara a partir
de fins do século IV, os demais cultos “não ajustados” que
existiam, notadamente, nas regiões mais remotas e de fronteira do
império, passaram a ser severamente perseguidos, ainda nas
derradeiras décadas do moribundo império. Por conseguinte, os
seguidores das várias diversificações de paganismo bárbaro,
tiveram que se refugiar na zona rural, donde vem o uso costumeiro do
termo “pagão”, de modo generalizado, a essas populações. Pagão
significa tão somente habitante do campo.
A
perseguição sofrida pelas mãos desses “cristãos oficiais do
império romano” era exercita, em concomitância, com as ações
puramente militares de manutenção da fronteiras do império e de
mobilização forçada de recursos em colonias insubmissas, de um
modo cruel e pernicioso. Curiosamente, o primeiro grande saqueador de
Roma, o rei Visigodo Alarico I, havia recebido treinamento militar
romano para atuar como comandante de tropas auxiliares a serviço do
próprio império, antes de rebelar-se e promover três cercos a
capital, até saqueá-la, em 410 d.C.
Isso fez
com que os povos bárbaros aprendessem, inicialmente a reagir, pela
força das armas, com maior consistência pelo uso de táticas
essencialmente de guerrilhas, contra as incursões das legiões
romanas, para em seguida, se organizarem a ponto de poderem partir
para o contra-ataque e para o ataque, que desferiu os golpes finais
que encerram com a existência do “império romano cristão do
ocidente”.
Porém,
após o fim do império, o agora “poluído” cristianismo, pela
sua nomenclatura centrada em Roma e seu culto ritualístico
deformado, sobrevivera, e até se arvorava herdeiro do império
vencido, passando de perseguido a perseguidor, continuaria a crescer
nas sombras do obscurantismo da idade média, e ainda teria, para o
bem e para o mau, muita história para escrever, arvorando-se muitas
vezes, de modo truculento, do nome de Jesus.
A mensagem da verdade da nova aliança, é e sempre foi a mesma: “Por
meio disso saberão que sois meus discípulos, se tiverdes amor entre
vós” Jo 13:35 e Jesus vai além, desafiando a nossa condição
imperfeita e nos mostrando que é mesmo debaixo dela que devemos
buscar santidade: “Ouvistes que se disse: ‘Tens de amar o teu
próximo e odiar o teu inimigo.’ No entanto, eu vos digo: Continuai
a amar os vossos inimigos e a orar pelos que vos perseguem; para que
mostreis ser filhos de vosso Pai, que está nos céus, visto que ele
faz o seu sol levantar-se sobre iníquos e sobre bons, e faz chover
sobre justos e sobre injustos. Pois, se amardes aos que vos amam, que
recompensa tendes? Não fazem também a mesma coisa os cobradores de
impostos? E, se cumprimentardes somente os vossos irmãos, que fazeis
de extraordinário? Não fazem também a mesma coisa as pessoas das
nações? Concordemente, tendes de ser perfeitos, assim como o vosso
Pai celestial é perfeito." Mt 5:43-48
Sob a
nova aliança de Jesus, nenhum ato mais de violência, de qualquer
espécie, se justifica, por mais elevados que possam parecer os
objetivos ou intenções a estes associados. Na nova aliança, tudo é
sugerido, nada exigido e, consoante a isso, assim também deve ser os
salutares propósitos evangélicos que um cristão coloca em seu
próprio coração.
Deste
modo, por exemplo, acontecimentos aparentemente positivos para o
desenvolvimento da "igreja", como o da ordem de fechamento
da academia platônica de Atenas, por mandado do imperador bizantino
Justiniano, no ano de 529 d.C. trouxeram, efetivamente, nenhuma
glória para o nome de Deus. Comparativamente com aquilo que se nos
pareceu um discurso frustrado, louco e solitário, proferido pelo
apóstolo Paulo, aos atenienses no Areópago, séculos antes, de
fato, a determinação de Justiniano foi, deveras, contraproducente
para o serviço do reino de Deus. Neste segundo evento, embora
falando a uma plateia, por cultura e por orgulho, notadamente
inamistosa, por fazer uso de legítimo amor cristão, centrado na
graça do livre-arbítrio da parte do Senhor, mesmo que tenha
parecido pouco aos nossos olhos, o apostolo de Jesus gerou, bons
frutos do Espírito. Já, quanto ao primeiro evento, aquele obteve
tão somente, um exito maior, em criar celeumas de relações humanas
que, até os dias de hoje, representam obstáculos ainda maiores, em
que as boas novas do evangelho venham a atingir as mentes e os
corações daqueles que se fazem a si mesmos ateus e agnósticos.
Não é
por falta de avisos da parte de Jeová que tais fatos, a saber: a
vazão da nossa força violenta corrupta, ocorrem de contínuo entre
nós humanos, pois Ele mesmo nos tem também acusado a consciência
cauterizada desde muito cedo: “Que hei de fazer-te, ó Efraim? Que
hei de fazer-te, ó Judá, quando a vossa benevolência é como as
nuvens da madrugada e como o orvalho que logo desaparece? Por isso
terei de talhá-los por meio dos profetas; terei de matá-los por
meio das declarações da minha boca. E os julgamentos sobre ti serão
como a luz que sai. Pois, agrado-me da benevolência e não do
sacrifício; e do conhecimento de Deus antes do que de holocaustos.
Eles, porém, como Adão, transgrediram o pacto; É nisso que agiram
traiçoeiramente para comigo. Gileade é uma vila de malfeitores;
suas pegadas são sangue. E como que atocaiados contra um homem, a
associação dos sacerdotes são guerrilhas. À beira do caminho
cometem assassinato em Siquém, porque só se empenharam em conduta
desenfreada. Vi uma coisa horrível na casa de Israel. Há ali
fornicação da parte de Efraim. Israel se aviltou. Também para ti,
ó Judá, está determinada uma ceifa. Ao querer eu trazer do
cativeiro o meu povo.” Os 6:4-11.
Vinde,
pois, e retornemos para o Senhor, enquanto Ele pode ser achado, pois
para o fim dos tempos está reservado: "E ele julgará entre as
nações, e repreenderá a muitos povos; e estes converterão as suas
espadas em relhas de arado, e as suas lanças em foices; uma nação
não levantará espada contra outra nação, nem aprenderão mais a
guerra." Is 2:4
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